sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

3ª pessoa do singular


                                                                          Do caso reto, mas ainda assim, curvilíneo.

Em uma noite calma e sem surpresas ela havia parado para pensar em seu futuro. E se realmente encontrassem seus rabiscos escondidos embaixo do colchão?
Como saberiam quem era aquele ilustre senhor protagonista de seus textos fantasiosos e enigmáticos?
Estaria, ele, ainda presente em sua vida?
Querendo, então, satisfazer a curiosidade de seus futuros leitores passou a descrevê-lo...
Começou por sua essência.
Um vulcão em erupção. O café do pedreiro ao meio-dia.
A adrenalina dos amantes que fogem dos maridos à surdina da meia-noite.
Quente.
Mas ele era mais!
Ele era o idiota que a fazia sorrir com suas projeções de um futuro bom que deveria existir;
Era seu refúgio de carne e osso, seu amor sempre existente – quase nunca exposto -;
A simplicidade em meio a seu complexo mundo de idéias e conceitos
E, mesmo que muitas vezes ela não quisesse aceitar – e, mesmo que aceitasse, não quisesse externar -, ela sabia o quanto ele era singular, ímpar e único.
E ela?
Não um mero pronome do caso reto, cuja retidão fora substituída por uma mente curvilínea com alto grau de imprecisão...
Ah, pequena testemunha de retalhos, ela era seu pequeno Chaveiro da sorte banhado a clorofila.
Era quem, ao som de Zeca Baleiro, rendia-se aos seus encantos.

                                                               Você me faz parecer menos só, menos sozinho. Você me faz parecer menos pó, menos pozinho quando você diz, o que ninguém diz... ♪

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