O trânsito não fluía e
a cada minuto que passava os motoristas a sua frente pareciam mais lerdos, se é
que possível. Praguejava a falta de praticidade em meio ao tráfego e a si por
não estar em um veículo com maior mobilidade como uma moto, ou um helicóptero,
quem sabe... Sorriu ante seu lapso sonhador, apesar de, no momento, desejar
apenas um bom banho quente, jantar algo bem leve (isto é, nada de comida de
gordo), alguma leitura fácil e cama! Não necessariamente nessa ordem.
Afinal chegou em casa,
com cada nervo de seu corpo gritava em tensão, entretanto, essa foi aliviada
prontamente ao ser recebido por um terno sorriso tentadoramente inocente.
Sentada no sofá,
assistindo a um seriado de comédia que não falava nada de muito relevante, mas
a fazia gargalhar daquela forma mágica que ele adorava, estava ela. Seu cheiro
de pele suave recém-banhada inundava todo o lugar e quando o cumprimentou com
um leve beijo nos lábios, quase a amaldiçoou por intrigante contato. Quanta
falta de consideração provocá-lo daquela maneira tão pudica, ainda mais
vestindo um robe tão sensualmente
simples e, pior ainda, sem nenhuma explícita intenção. Não precisaria de muito mais... Ele já sentia queimar-se por dentro e ela sabia disso, pois seus olhos denunciavam suas maliciosas intenções cancerianas.
- Como você demorou
hoje! – reclamou, já o abraçando para evitar o atrito da reclamação e criar
outro tipo de. Tinha planos para a noite.
- O trânsito não estava
dos melhores. Vou tomar banho e comemos?
Ela acenou e ele seguiu
em direção ao quarto; tomou o banho que tanto queria e, quando estava mexendo
no guarda-roupa para escolher uma peça de roupa qualquer, ouviu a porta abrir e
fechar quase num único estalo.
Lá estava a senhora
tentação. Já quase não sentia fome antes, mas a forma como ela caminhou em
direção a ele, roubou-lhe o estômago.
- Você parece tão
tenso, meu amor... – sussurrou ela, já próxima, acariciando levemente o peito
dele. – Deixa-me fazer uma massagem.
Não ousaria
questioná-la, muito menos depois de descobrir que por trás da simples seda que
ela vestia se escondiam delicadas rendas. Suas ganas, agora, eram de puxar-lhe o corpo, apertar-lhe a cintura, morder-lhe o pescoço, sugar-lhe o seio.
Sentiu-se enlouquecer, mas a pequena parecia ter planos de tortura para aquela noite; ela foi quem puxou, apertou, mordiscou, sugou e fez com que esquecesse o próprio nome... Seus gemidos o faziam gemer, seus movimentos o faziam mover, seu gozo o fez gozar e nada mais importava.
Mais tarde, não lembraria se teria
sido a áurea de luxúria, as mãos que ora lhe pressionavam, ora lhe acariciavam,
o corpo dela friccionando-se lentamente no seu ou o calor do hálito
dela em sua orelha, que o esquentaram por completo – talvez a junção de tudo –...
Mas recordaria que, ao ficar de frente para ela e ver seu olhar meigamente
sacana, pouco antes de sentir sua boca possuí-lo, havia pensado que nem
precisara oferecer-lhe outra tequila, como em um certo dia, em um certo bar,
quando petiscaram-se pela primeira vez.