sexta-feira, 27 de abril de 2012

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— Você é uma menininha.
— Perto de você eu consigo ser e você não sabe o prazer que isso me dá.
— Se sentir menina?
— Estar com um homem, eu só andei com moleques nos últimos anos.
           (Tati Bernardi)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

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Eu olho pra você e te vejo.
Você se sente dolorida, não é? Com um buraco oco onde costumava bater um coração frenético da forma mais sincera e viva possível.
Você sente que foi traída da maneira mais vil e acovardada possível, certo? E sua confiança foi esnobada, seus sentimentos diminuídos...
Eu sei, eu entendo. Vai por mim.
E não te julgo. Nem por não conseguir odiá-lo, nem – por ora – esquecê-lo.
Como poderia odiar o amor (inconsciente ou não) que ele te deu com aquelas palavras bonitas, aqueles olhares, aqueles beijos...?
Como odiar aquele sorriso doce apimentado que só ele sabe dar?
Como odiar a forma como ele te fez mulher de tantos modos diferentes, te fazendo sentir querida e cuidada de um jeito que não acontecia há tanto tempo?
Não dá. Eu sei.
Teu corpo, ainda quente e memoriado, não deixa, as boas lembranças não deixam, ele não deixa... Além do mais, seria como uma erva que odeia a terra! Poderia ela sentir algo tão desprezível por aquela que a faz crescer?
E quanto ao esquecer...
Bom, não é que você não queira, só não pode, não consegue – pelo menos agora –, porque esquecer é o mesmo que perder; aceitar que não há mais sentimento é ignorar a felicidade selvagem e constante, da maneira mais inconstante possível, que ele lhe proporcionou.
O que dá raiva são as flores e os dias de sol, os beijos e o que você tinha sonhado pra ‘vocês’, o nós tão ansiado que não chegou a chegar, certo?
Não me julgue como uma inimiga que veio cantar vitória, rir do seu desespero, deleitar da sua dor...
Somos mais parecidas do que sua vã filosofia pode supor.
Eu já estive em seu lugar, derramei as mesmas lágrimas, me debrucei sobre a mesma tristeza, expressei as mesmas palavras – boas, ruins, revoltas. Todas elas.
Eu já fui você, com a mesma ferida pulsando em carne viva, não me deixando sozinha por um instante sequer, me lembrando que eu não significava mais nada (e nem digo que este é o seu caso) a todo minuto possível. Entretanto Caio Fernando estava certo, depois de um tempo eu ri da dor que sambava em meu peito em seus saltos agulha.
Hoje quem sorri boba, quem se sente nas nuvens, que só pensa em céu azul e dias quentes ou esquentados sou eu, mas amanhã será você, será o seu contexto, a sua história, a sua pessoa... Você deve merecer, assim como – por algum milagre Divino – eu mereci e todos deveriam merecer.
Não se engane que isso não é pena, simpatia, compaixão ou qualquer um desses sentimentos pequenos, tampouco falsidade ou hipocrisia, é apenas uma forma de dizer que hoje é você, amanhã será outra e aí?
Por enquanto pega o violão e vai dedilhar Someone Like You, para se acalmar (ou faz outra coisa com o mesmo intuito), vai aproveitar a inspiração que a dor te traz... Utilize-a da melhor maneira possível.
Porque querendo ou não, não há nada mais poético que a dor que deveras sentes.




quarta-feira, 11 de abril de 2012

Inspiração da madrugada


Era uma sensação bem ímpar a que ele conseguia provocar.
Um misto de paz e inquietação que é difícil até de sentir, imagine de entender ou explicar! Ora eram uma chama incontrolável, um desejo imensurável, o querer de toques precisos que criam uma trilha de fogo que leva para um paraíso (quase) divino; E ora, um mar de meiguice com ondas abestalhadamente mansas, acompanhadas de sorrisos bobos e olhares encantados...
Viviam pairando entre estas sensações extremas que mudavam de quadro em segundos e quase levavam à loucura.
O que os movia?
Não só a vontade um pelo outro, mas o desejo pelo que está adiante e a certeza do hoje, a euforia pelo ‘aqui’;
(Mesmo que para ele houvesse a melancolia do presente que já virara passado, enquanto para ela o presente era uma prévia expectante do futuro).
Deixando o medo um pouco afastado, aproveitam-se, pois nunca se sabe o que virá na próxima página do romance policial que andam vivendo e nem as mais próximas testemunhas oculares captariam a subjetividade complexa de “tão esperado” clichê.
Só resta, por hora, fechar os olhos e reviver – ao menos em pensamento –, uma noite em particular aonde partilharam o mesmo chão, o mesmo calor, o mesmo sorriso e a mesma sensação de, por algum motivo, aquela proximidade ser tão certa quanto necessária.