segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Choque Epidérmico




A consciência do compromisso a despertou antes, até, que o despertador, mas o que realmente a acordou foi um ameno suspirar repousando ao seu lado, que dormia como se nada mais no mundo importasse.
Logo, um sorriso sacana se abriu entre seus lábios e o pequeno, ainda que firme, cansaço entre as suas pernas fez o dia parecer lindo, mesmo com cinzentas nuvens carregadas de chuva.
A cama mantinha-se quente, seu sexo mantinha-se quente... Como poderia pensar em frio? Além disso, a lembrança dos toques de outrora a fizeram querer mais daquele calor.
Não fazia ideia de como tamanha avalanche havia se criado, mas quando deu-se conta de si, estava de bruços, clamando (com o próprio corpo) intensamente pela invasão daquela abusada língua que a cada centímetro levava-lhe mais um pouco da compostura, da decência e do mel; e pelos dedos... Ah, aqueles dedos demoníacos que lhe metiam em um desejo, até então, esmagado pelo hálito regado a uísque.
Sentia-se descarada, destemida, não subjugada como poderiam crer. Ao contrário. Aquela era uma posição que a fazia poderosa, pronta e desejosa para o que viesse.
Insinuava-se e Abria-se, cada vez mais, em corpo e alma a fim de que o intruso se inserisse nela e os livrasse daquele precipício sem fim, entretanto, ao senti-lo, afundou-se ainda mais naquela inacabável tempestade de mãos, bocas e cabelo.
Embebedaram-se do gosto um do outro e quando já não podiam mais, explodiram como nunca antes. Os gritos foram abafados, mordidos, apertados, mas os espasmos não poderiam ser contidos e se, somente se, ela parasse por um instante no decorrer daquele dia, sabia que esses ainda estariam lá, latejando-a e fazendo com que ela quisesse (sempre) mais.