quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Fragrância de um (conhecido) Perfume


O trânsito não fluía e a cada minuto que passava os motoristas a sua frente pareciam mais lerdos, se é que possível. Praguejava a falta de praticidade em meio ao tráfego e a si por não estar em um veículo com maior mobilidade como uma moto, ou um helicóptero, quem sabe... Sorriu ante seu lapso sonhador, apesar de, no momento, desejar apenas um bom banho quente, jantar algo bem leve (isto é, nada de comida de gordo), alguma leitura fácil e cama! Não necessariamente nessa ordem.
Afinal chegou em casa, com cada nervo de seu corpo gritava em tensão, entretanto, essa foi aliviada prontamente ao ser recebido por um terno sorriso tentadoramente inocente.
Sentada no sofá, assistindo a um seriado de comédia que não falava nada de muito relevante, mas a fazia gargalhar daquela forma mágica que ele adorava, estava ela. Seu cheiro de pele suave recém-banhada inundava todo o lugar e quando o cumprimentou com um leve beijo nos lábios, quase a amaldiçoou por intrigante contato. Quanta falta de consideração provocá-lo daquela maneira tão pudica, ainda mais vestindo um robe tão sensualmente simples e, pior ainda, sem nenhuma explícita intenção. Não precisaria de muito mais... Ele  já sentia queimar-se por dentro e ela sabia disso, pois seus olhos denunciavam suas maliciosas intenções cancerianas.
- Como você demorou hoje! – reclamou, já o abraçando para evitar o atrito da reclamação e criar outro tipo de. Tinha planos para a noite.
- O trânsito não estava dos melhores. Vou tomar banho e comemos?
Ela acenou e ele seguiu em direção ao quarto; tomou o banho que tanto queria e, quando estava mexendo no guarda-roupa para escolher uma peça de roupa qualquer, ouviu a porta abrir e fechar quase num único estalo.
Lá estava a senhora tentação. Já quase não sentia fome antes, mas a forma como ela caminhou em direção a ele, roubou-lhe o estômago.
- Você parece tão tenso, meu amor... – sussurrou ela, já próxima, acariciando levemente o peito dele. – Deixa-me fazer uma massagem.
Não ousaria questioná-la, muito menos depois de descobrir que por trás da simples seda que ela vestia se escondiam delicadas rendas. Suas ganas, agora, eram de puxar-lhe o corpo, apertar-lhe a cintura, morder-lhe o pescoço, sugar-lhe o seio.
Sentiu-se enlouquecer, mas a pequena parecia ter planos de tortura para aquela noite; ela foi quem puxou, apertou, mordiscou, sugou  e fez com que esquecesse o próprio nome... Seus gemidos o faziam gemer, seus movimentos o faziam mover, seu gozo o fez gozar e nada mais importava.
Mais tarde, não lembraria se teria sido a áurea de luxúria, as mãos que ora lhe pressionavam, ora lhe acariciavam, o corpo dela friccionando-se lentamente no seu ou o calor do hálito dela em sua orelha, que o esquentaram por completo – talvez a junção de tudo –... Mas recordaria que, ao ficar de frente para ela e ver seu olhar meigamente sacana, pouco antes de sentir sua boca possuí-lo, havia pensado que nem precisara oferecer-lhe outra tequila, como em um certo dia, em um certo bar, quando petiscaram-se pela primeira vez.

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